terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Livro que seja difícil de largar, só pode ser bom

Dos mais badalados não foi o primeiro que li. No ano passado tive a oferta do Rio das Flores e foi por esse que conheci a força narrativa do Miguel Sousa Tavares e foi o suficiente para ficar curiosíssimo em ler o Equador.
Acabei de o ler e é outro romance espectacular em que mais uma vez o leitor é agarrado e introduzido num ambiente histórico ou político em que se nota o resultado de uma pesquisa aturada, só apetecendo sair de lá quando chega ao fim.
Pessoa controversa é este nosso jornalista, mas que como romancista só pode suscitar o aplauso de todos que assim vêm aparecer nestes tempos modernos alguém ao bom estilo do Eça.
Estou desejoso do próximo que oxalá também seja para devorar.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

100 anos dos quais 66 para eruditos

Esta semana, aquando do aniversário do cineasta Manuel Oliveira, a RDP/RTPN no programa Antena Aberta, prestou-lhe uma ligeira homenagem.
Foram ouvidos vários telefonemas desde conhecidos políticos até ao comum dos ouvintes que o felicitaram pelos seus cem anos e aos quais todos nós desejamos chegar, caso nos mantenhamos com a mesma forma física que ele apresenta.
Ainda bem que eu tive a oportunidade de ouvir os intervenientes no programa, porque sinceramente estava passar um atestado de estupidez a mim próprio por não conseguir ter a faculdade de acabar de ver os filmes que aplicadamente me propunha a seguir aproveitando um ciclo da RTP2. Aliás, também estou a ter o mesmo problema (oxalá que não seja grave) para conseguir ler um livro do António Lobo Antunes, pois os diálogos são sempre inconstantes com reflexões (in)temporais pelo meio. E pensava eu que era difícil ler-se Saramago.
Então lá foram dadas as opiniões que convergiram no sentido de que os seus filmes são uma forma de arte, algo que é preciso entender e não muito comercial e até da qual um realizador como Clint Eastwood tirou ensinamentos.
É curioso que o mais falado e apreciado por todos os ouvintes foi o Aniki-Bobó realizado nos anos quarenta e a partir daí chovem sempre subsídios para filmes dos quais ninguém fala. E quando refiro falar, é quando todos nós dizemos uns aos outros se já viste aquele filme, não percas.
Será que estes 66 anos correspondem à pobreza do nosso cinema? Já que se catalogam os filmes de difícil entendimento, não tivemos nós o direito ou a sorte de ter um Felini, um Almodóvar ou um Claude Leclouch dos quais pelo menos sobre algumas películas nós comentávamos e discutíamos? Cá ficámos pelo Aniki-Bobó e que mesmo assim muito gente não faz ideia o que é. Se calhar à única cópia, não foi feita a conversão audivisual que mereceram os filmes do António Silva.
Este também é o resultado dos estrangeiros mandarem neste povo de fraca auto-estima, em que os iluminados com a atribuição de prémios, decidem o que nós devemos gostar ou não, colocando ao mesmo tempo um tampão sobre os mais capazes, que até mesmo (nunca se saberá) lhes possam a vir fazer frente.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Equilíbrio, sempre tão difícil de manter

Nos Contemporâneos, o boneco o Chato caricatura um deficiente motor, que até por norma são pessoas inteligentes e ponderadas. De todas elas, esta deficiência pertence à classe daquelas mais cruéis, em que o ser humano tem a perfeita noção e o entristece a má impressão que causa a quem o vê, e por vezes as gargalhadas involuntárias que provoca com os seus gestos descontrolados.
Todavia, está provado em diversos estudos, que não é a brincar com a sua incapacidade que o deficiente fica ofendido. Pelo contrário, como qualquer pessoa que se julga normal, ele acha graça a essa frontalidade, mas o que detesta é por exemplo, o caso em que uma pessoa que seja coxa e lhe pedem desculpa quando alguém à sua frente disse naturalmente em conversa fluida a frase “Mais depressa se apanha um coxo do que um mentiroso”.

Agora a brincadeira em que se envolva o Chato e que não tenha o mínimo de bom senso, é deveras de muito mau gosto e perigoso. Muitos milhões de cristãos neste país haveriam de achar muito boa ideia a da Manuela Ferreira Leite, de seis meses sem democracia se assim se evitasse esta afronta aos seus costumes, assim como a de alguma paróquia a ganhar dinheiro pelo aluguer do espaço que ajudou à veracidade da cena.
Não professo qualquer religião mas consegui interiorizar que foi de um total desrespeito para quem é religioso, apesar de achar o texto em redor de um padre num confessionário deveras rico em piadas e bem interpretado, até de muitos furos acima daquele texto que há poucas semanas o Gato Fedorento construiu também envolvendo a Igreja e que tanta polémica causou.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

A promiscuidade do costume

Ao longo dos anos quantos mais crimes são perpetuados pelos denominados colarinho branco e que vão ficando impunes, cada vez é maior o requinte e a notoriedade da roubalheira. O desfalque dos setecentos milhões de euros no caso do BPN e mais o que ainda está para vir, é o recente exemplo disto. Onde está a diferença para a Dona Branca dos pobres ou do Pedro Caldeira dos ricos? Este é um caso muito mais grave com milhões a seguir para o Brasil sendo já desde Fevereiro denunciada esta situação por um auditor, que ao que consta ainda foi despedido.
Perante toda esta impunidade, até o Procurador Geral Pinto Monteiro já chegou ao ponto de gozar com isto tudo, quando ao darem-lhe a informação do dia e mês do julgamento dos pedófilos da Casa Pia, ele pergunta de qual ano?
E o contribuinte comum a assistir ao vilipendiar do dinheiro dos seus impostos, sem nada poder fazer.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Mamma Mia!


Meryl Streep deslumbrante, surpreendente. Que outra faceta nos poderá reservar, trapezista voadora?...
Uma desconhecida que surgiu na TV na série Holocausto, sobre a perseguição aos Judeus pelos nazis. Nunca mais parou, e deixo aqui ao acaso títulos de filmes por ela interpretados, na maioria dramas: A Escolha de Sofia (em que ganhou um Oscar e entre muitas cenas dramáticas protagoniza uma mãe polonesa a quem lhe é dada a escolher entre levar um de dois filhos pequeninos com ela para um campo de concentração e o outro que ao não ser escolhido, segue para outro local de barbaridade, a morte), A Amante do Tenente Francês, Kramer vs Kramer, África Minha, As Pontes de Madison County, O Diabo Veste Prada.
Muitos actores e até mesmo os mais consagrados perante uma representação destas, devem ter ficado abismados e provavelmente também desejassem ter um papel destes, para que o seu palmarés ficasse definitivamente consolidado. Todavia, nem todos conseguem ter uma boa voz, o que na minha opinião acho que a Meryl Streep possui, e que junta a isso a força de expressão que lhe é reconhecida, sendo a interpretação da canção The Winner Takes It All o expoente máximo disso.
Para quem aprecia as músicas dos Abba, poder assistir ao desfile de todas as canções em que o conteúdo das letras é criteriosamente inserido nas várias fases do filme, é algo de sublime. Pena é que os protagonistas dos papéis masculinos, não tenham qualquer dom vocal. Julgo que aqui, com o leque existente de muitos actores cinquentões, não seria difícil encontrar melhores vozes para a atribuição dos papéis, o que só beneficiaria o filme. Concerteza que todos eles, teriam imenso gozo em interpretar estas personagens tal como é notório ter acontecido com os escolhidos, pois ao terminar é visível uma cumplicidade de brincadeira, em que o encore final é o exemplo disso.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Vença o Bem!

Barack Obama ganhou. A maior parte dos mortais o desejava à excepção dos mais conservadores, claro. Não se entenda aqui conservadores como velhos, pois apesar de na maioria o serem, também há muita gente nova que está acomodada e não quer que nada mude, estando alguns até desejosos de se fazerem heróis na guerra.
A pergunta que nos atravessa a mente, é o porquê de só agora? Onde estava este senador numa altura em que talvez tivesse evitado o segundo mandato do Bush? Mas enfim, mais vale tarde do que nunca, restando-nos agora esperar pelo que vem em nosso beneficio, pois estamos desejosos que estes polícias (EUA) do mundo, quiçá universo, deixem de ser corruptos e que com este chefe nunca se passe a mesma farsa como a das pseudo armas de destruição massiva possuídas pelo Iraque, para justificar a invasão de qualquer país, aplicando-se depois a frase macabra danos colaterais, disfarçada de termo pomposo e tratado de animo leve, como se fosse possível que a morte ou estropiação de inocentes também não seja outra forma de terrorismo.
Vai ser uma tarefa gigantesca contra os senhores da guerra, que ganham milhões com a morte e miséria dos outros e que vão fazer todos os possíveis e impossíveis para mudar a opinião pública, de forma a que esta passe a desejar um déspota para apoiar a máquina infernal de guerra. A luta é eterna, o Bem contra o Mal.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Um objecto, apenas.

O Bozinho foi a abater.
Foi dignamente pelo seu próprio pé, ainda bem calçado, para cima do reboque, deixando no estacionamento onde esteve vários dias parado, uns pingos de óleo resultantes da velhice.
Fiquei a olhar para o Uno com certa pena e nostalgia, pois durante quinze anos apesar de apenas percorrer 100.000 Kms, muitos episódios se passaram na sua companhia. Ocasionalmente as fotos hão-de nos trazer muitas recordações, mas fica na memória como ele foi conduzido pelos menos inexperientes da família, com o qual ganharam prática. Ou como se portou em camioneta de carga, para transportar a Montargil mobílias e electrodomésticos por nós usados e continuarmos a usar.
Agora foi para o Barreiro onde os plásticos, óleos e gasolina são retirados. Daí, como sai mais caro ser derretido nos altos fornos da nossa siderurgia, segue amachucado junto com outros para Espanha.
Sempre Espanha. Andámos há séculos atrás, a pedir ajuda aos ingleses para expulsar os espanhóis e eis que além da pata inglesa em cima de nós (contra os bretões marchar, marchar), levámos também com a dos americanos que fazem da ilha Terceira, e não só, o que querem e o que lhes apetece, acabando ironicamente o ciclo por se fechar com a superioridade dos vizinhos que não podemos deixar de ter.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Formação para comentadores de futebol, precisa-se.

Não deixa de ser lamentável como os nossos comentadores e jornalistas vêm os jogos. Podíam ajudar à evolução do nosso futebol elucidando as pessoas como ver boas partidas, para até depois valorizadas essas partidas com estádios cheios de emoção, poder haver uma procura televisa internacional tal como acontece com espanhóis, italianos e ingleses. Mas não, para eles só conta os grandes, os outros não passam de bonecos. Estando os grandes a ser dominados em certos períodos do jogo, parece que está a acontecer uma vergonha nacional. Não fez o Naval um grande jogo sem desistir até ao fim que só ajudou a valorizar a vitória do Benfica? Que dizer do Leixões que ainda suportou um penalty duvidoso e um fora de jogo mal assinalado? E olhando para a tabela classificativa não está lá o Nacional? Antigamente, a maior parte dos desportistas deve-se lembrar, o futebol espanhol era considerado feio. Depois, souberam aproveitar a inclusão de estrangeiros e daí tirar bons ensinamentos, acabando por se tornar o que é hoje. Nós por cá, só temos a ganhar com a evolução das equipas mais modestas que é o resultado da boa utilização que têm feito de futebolistas estrangeiros e camadas jovens. E os bons são sempre bem vindos em qualquer parte do mundo, pois a linguagem do desporto é universal.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Castelos de areia

Não os deixei entrar em casa. Se calhar fiz mal, pois era capaz de aprender mais alguma coisa, mas como não confio neles e a mim parecem-se bastante com os publicitários portadores de mensagens enganosas, preferi mudar de canal.
Há uns meses atrás corriam notícias sobre os lucros fabulosos dos Bancos, agora estão sem liquidez a pedir avales do Estado (que no fundo somos todos nós contribuintes), para garantias de empréstimos de uns aos outros. Aqui são curiosas as notícias que dão, com a comparação com os milhões que outros Estados tiveram de dar como garantia. Então lá vem a Inglaterra, França, Alemanha, Espanha, todos países pequenos como a gente. Podíam falar de comparações com a Noruega, Holanda, Suécia, Luxemburgo, mas não. Até parece que estas são democracias à parte.
No Verão de 75 em pleno desvario comunista, a Banca foi nacionalizada para evitar que os grandes banqueiros fugissem e deixassem o país na Banca Rota. Agora parece que em desespero de causa, vão aparecendo nacionalizações a conta gotas por todo o mundo e o simples mortal que cada vez paga mais impostos, na expectativa onde isto tudo irá parar.
Quando foi a reeleição do Bush, ela deveu-se a um comunicado do Osama Ben Laden a ameaçar com novos actos terroristas e o povo americano com receio alterou a sua tendência de voto. O Aznar em Espanha também perdeu no último momento para o Zapatero devido ao atentado de 11 de Março. Será que presentemente está montada uma engrenagem infernal para o Obama também sofrer uma reviravolta a favor do McCain?

sábado, 11 de outubro de 2008

Memória


O meu pai nunca foi muito de andar comigo atrás. Tudo lhe servia de desculpa para conseguir evitar a minha colagem. Uma típica, era dita na brincadeira de que quando o acompanhava ao antigo estádio José Alvalade, o Sporting perdia, pois eu dava azar.
Daí, quando era mais pequeno, só por uma vez eu o acompanhei ao emprego, o que por acaso também não me deixou muita vontade de lá voltar e também não retive nenhum episódio, ou alguma conversa. Só me lembro de ter ficado muito envergonhado e tímido de cabeça baixa numa secretária, agarrado a um lápis.
Mas eis que hoje, e passados cinquenta anos voltei a entrar no local onde o meu pai tantos anos (36) trabalhou, o Arsenal do Alfeite. É algo surrealista. A memória dispara-me flashes de imagens para enquadrar com as que presentemente vejo e as secretárias não sendo o mesmo mobiliário, também os rostos não o são. E eu a esforçar-me para que fossem os mesmos, procurando ao mesmo tempo o lugar onde estive sentado, como se fosse possível ver ali um rapazinho pequenino de calções.
Para chegar às instalações administrativas tive que passar vários controlos onde muitos marinheiros, ou oficiais da marinha alguns em fato e boné de gala me bateram pala, coisa a que estamos acostumados quando a polícia de trânsito nos manda parar.
Lá dentro segui estrada fora (aquilo é enorme) até chegar à beira rio com todos os barcos de guerra ancorados. Para quem viu o filme Pearl Harbour, o cenário é idêntico, salvaguardando as respectivas dimensões. Tive pena de não estar com a máquina fotográfica, o que provavelmente não me serviria de nada, pois não acredito que deixem tirar fotografias, apesar de o meu pai na altura as ter tirado. Agora ao revê-las bem compreendo toda a paisagem naval, pois estava ali mesmo à sua mão de semear junto ao local de trabalho, o Serviço Administrativo.

sábado, 4 de outubro de 2008

Ainda Verão

O que aqui escrevo seria bem documentado com uma fotografia. Muita gente neste Sábado a passear à beira mar, o tempo convidava. Alguns nos chapéus e ao banho, teimam a que o verão só termine no calendário.
Reparo nos apoios de praia e a alguém eu ouvi dizer, que eram em demasiado número e feios. Na realidade também me pareceu, mesmo que para o Barbas sejam entregues dois (Já têm o nome de Barbas e Feel). Ele tem anunciado que amanhã vai ser o último dia de exploração do restaurante antigo e que fará a oferta da refeição, mas não à descrição. Imagino a barafunda que irá ser criada. Deve ser para aproveitar a ajudá-lo a partir aquilo tudo para dar início à demolição. Quanto a serem feios, isto vai depender da imaginação dos concessionários e publicitários, pois com aqueles plásticos autocolantes, como por exemplo usam para o mobiliário das esplanadas, muita coisa com gosto se poderá fazer.
Agora o que me impressionou foi a injecção dos milhões de metros cúbicos de areia nas praias, que caso assim se mantenha os veraneantes vão encontrar as velhas praias do Tarquino, Paraíso, Dragão Vermelho e Praia Nova com muito espaço para estender a toalha. Pareceu-me que o método utilizado de enchimento, baseia-se num tubo que entra pelo mar e a cem metros da costa está um barco draga que bombeia a areia para esse tubo. Chegada a areia, estão os bulldozers para a espalhar. As pessoas têm bastante reserva se a questão foi bem estudada, pois o tirar a areia de uma linha de costa mais avançada, parece que corresponde ao retirar de uma primeira defesa. O Inverno que é um forte aliado das grandes ondas, irá dar a resposta se não andaram a deitar o nosso dinheiro ao mar.
Qualquer das formas, correndo isto bem ou mal, há algo já destruído pelo Programa Polis que é a flagrante prova de que o Poder Autárquico por vezes age incorrectamente. Admira-me, que ao que julgo saber o presidente António Neves, não pertencendo à força política dominante, não tenha junto da máquina do seu partido denunciado e publicitado a contribuição para a desertificação do centro da Cidade, ao ser empurrado o terminal do Transpraia para um extremo. A ideia de juntá-lo ao novo terminal dos autocarros é demasiado simplista e negligenciaram o factor de que trazia muita gente para o centro, dando vida ao comércio. Parece esquecerem-se que a Costa não é só praia.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Cem anos de perdão

O consumidor cumpridor e empenhado em ter diversos produtos é facilmente ludibriado e prejudicado neste país em que a justiça não funciona e a sua defesa é débil. Então no que respeita aos canais de televisão pagos, é fartar vilanagem. Há uns anos assistiu-se à situação da RAI ter codificado um programa interessante. Resultado os clientes da televisão por cabo que pagam mensalmente o pacote onde está inserida a RAI ficaram naquele momento com o mesmo previlégio daqueles que não pagam nada. Também houve aquele caso de quem paga o pacote que inclui a RTL, ter ficado sem emissão na altura da transmissão de jogos de futebol, para forçar a assinatura na SportTV.
Esta quinta-feira à noite aconteceu mais um desrespeito, agora para aqueles que pagam a SportTV. Bem procuraram os clientes pela transmissão do Benfica vs Nápoles um jogo importantíssimo principalmente para os adeptos encarnados, porque estava em jogo a continuação na prova da Taça UEFA. Pois o que se passou na estreia do Canal do Benfica foi dar a transmissão em exclusivo para os clientes da MEO, isto com o fim sem olhar a meios, de a MEO angariar clientes.
No fundo neste negócio do vale tudo, quem consegue captar directamente o sinal do satélite fica com cem anos de perdão.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Movimento

A minha volta para ajudar a desmoer o almoço, ficou substancialmente melhorada. O que as nossas assoalhadas têm de bom, é estarem localizadas entre o centro da cidade e o campo. Assim, aqui estou no planalto do Cristo Rei em vez do estacionamento da Fábrica, com um tempo espectacular havendo uma brisa morna e a companhia de turistas, poucos. Sentado num banco de pedra (montaram uma série deles na orla virada ao rio, o que dá mesmo jeito) reparo que passa um avião da TAP, daqueles bojudos, que só abriu o trem de aterragem a meio do Tejo. É raro, normalmente quando ali chegam as rodas já estão descidas. Quando assim não é e calha a ser mesmo ali, gosto pelos binóculos assistir à manobra.

Dou comigo a pensar no dia de ontem, a ir ao Centro de Emprego. Muito mau! Localizado num espaço novo que não foi feito para albergar tanta gente. Caí na realidade e não nas facilidades dos números fabricados que nos querem impingir. As pessoas tinham que andar pela rua e vá lá que o tempo primaveril ajudou, pelo que imagino no Inverno o que é ter que estar de chapéu de chuva e sobretudo vestido à espera. Demorou sensivelmente três horas e meia a ser atendido, o que deu para andar às voltinhas e ir ao Centro de Saúde procurar por um daqueles jornais gratuitos e aproveitar para marcar uma consulta, o que não consegui claro. O círculo completa-se. Se tivesse que ir a outro organismo público, a Segurança Social por exemplo, seria a mesma coisa.

Uns italianos já entradotes entregam-me a digital e pedem para lhes tirar uma foto. Não gostei do plano que escolheram, sentados de costas para a estátua e por mais que me esforçasse o Cristo ficava cortado. Ofereci-me para tirar outra com o plano do rio e Lisboa, mas delicadamente recusaram, o que parvamente me deixou frustrado. É raro pedirem-me para lhes tirar fotos, não devo inspirar muita confiança. Só uma outra vez me tinha acontecido, com um moço estudante de Macau. Entre outras, fiz uma gira em que lhe entreguei a bicicleta para fazer pose.
Passeiam-se muito por lá e agora já existem boas condições para piqueniques onde várias excursões podem se espalhar. Vá lá algum progresso.

domingo, 27 de julho de 2008

SIC espreme a sua Galinha de Ovos de Ouro

Há várias Galinhas de Ovos de Ouro. Temos por exemplo uma, que dá pelo nome de automobilista, que nasce mal um humano começa a tirar a Carta de Condução e que qualquer Partido com responsabilidade governativa desata a espremê-la.
Outra por exemplo, nasceu da aquisição que a SIC fez das telenovelas da TV Globo, que por acaso é o melhor que esta estação tem, a seguir à Informação. A força de interpretação dos artistas e a veracidade dada aos personagens, é algo de espectacular. Para perceber isto, faz-se a comparação com as produções nacionais apresentadas pelo canal rival. Não que não haja actores portugueses de qualidade, eles existem, basta apreciar o “Conta-me Como Foi” e percebe-se que quando se quer juntar actores de categoria, consegue-se. Ou até mesmo, o naipe existente nas primeiras séries dos “Malucos do Riso”, na era João Carvalho filho de Rui de Carvalho. Aqui outro fenómeno de alteração de padrão (a espremidela de mais uma Galinha) em que a comédia é estragada pela introdução de fracos actores e ainda por cima com textos longos, a acabarem na maior parte das vezes com piadas sem graça ou gastas.
Quando o Nuno Santos veio da RTP, parecía que vinha com ele o respeito pelo espectadores. Em exibição mantinha-se uma telenovela que fica fiel ao horário até ao último episódio. Mas foi sol de pouca dura. Não resistiu, tinha que espremer a Galinha. Logo acabado o último episódio, que tinha o Duarte Lima no seu melhor, passaram a ser exibidas três, note-se: ora “Ciranda de Pedra”, ora “A Favorita” e a acabar “Duas Caras” cujo final já andavam a anunciar há três meses. Tudo ainda por cima a hora tardia, depois de se ter que aturar uma repetição do Camilo.
Enfim não há pachorra. Vão longe os tempos, em que no dia seguinte as pessoas podiam tecer comentários de apreciação às interpretações da telenovela que viam a horas decentes na noite anterior e todos sabiam do que se estava a falar. Agora não vale a pena. Uns vêm uma, outros outra, e por vezes a baralhada é tal que nem se sabe do que se fala, pelo que as opiniões que cada um apresentava simplesmete acabaram. Resta para além das notícias e desporto, uma conversa sobre o desempenho de um bom Concurso na televisão estatal, que costuma dar a horas decentes.
Pessoalmente, não consigo compreender como se investem dinheiros publicitários para aquilo. Tudo na SIC é para espremer e queimar. Uma última acha para a fogueira foi um tal de Daniel, que tão bem estava no “Só Visto”. Fica o mistério da longevidade da Fátima Lopes, que deverá ter uma personalidade bastante forte, para não permitir que a embarquem na política do mostra pernas e por vezes cuecas.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Este tecido roto em que vivemos

A sociedade é como um tecido, que se pretende que seja fino. Tem as suas nódoas que mais ou menos se conseguem limpar, mas há outras que por mais que se tente, já não conseguem sair.

O pior é quando este tecido se começa a romper e a abrir buracos. Quando as linhas estão bem entrelaçadas e naturalmente umas se prendem às outras, o tecido está forte e os elos da cadeia mais resistente compensam os que momentaneamente possam surgir mais frágeis. Agora quando em nome da modernidade, produtividade, globalização (e outros nomes que queiram chamar) forçam a que as finas linhas se quebrem, nem até os remendos são uma boa solução.

As crianças e os velhos, são esses elos fracos que em anos passados tinham sempre presente o apoio dos seus entes queridos, pessoas activas na sociedade. Agora uns bébés mal desmamados são metidos em infantários e os idosos enfiados em lares, quer uns quer outros são autênticas prateleiras, cuja qualidade depende do dinheiro que se possa gastar. Eis então as finas linhas quebradas, em que a experiência dos mais velhos não beneficia os mais novos.

Mas para este tecido roto, mais buracos estão a surgir, trazidos pela evolução da técnica. Esta evolução vai acabando com as pessoas activas. Elas ainda jovens deixam os bancos de escola, agora muitas já universitárias, sem terem o que fazer. Há uns quarenta anos havia um leque de postos de trabalho que deminuiram ou desapareceram e passo a descreve-los aleatoriamente: Padarias, onde estão? Poucas, são agora os cafés e pastelarias que vendem o pão. O mesmo querem fazer com os Postos de Correio. Não tarda muito que tenhamos de andar atrás da correspondência em qualquer quiosque (se é que já não é o que se passa em certos pontos do país) ou então, recebemos e enviamos mails. Ah! E Bancos, aquilo é que era uma profissão fina. Agora são poucos empregados a serem explorados até ao tutano, e ainda nos querem meter a pagar taxas no Multibanco. Também tínhamos os TLP, muita gente lá trabalhava. Agora até há uma Empresa de comunicações que apareceu no mercado a dar-se ao luxo de que não precisava de empregados, os quais na publicidade apareciam no ecrã a brincar nas cadeiras de secretária com rodas, a mandar papéis uns aos outros. E não é verdade? É que não precisam mesmo. Qualquer problema é só ligar para um Call Center onde estão encaixotados um inúmero de serviçais pagos a recibo verde, a tratar de todos os problemas levantados pelo incauto cliente. Lembram-se dos cobradores? Eles era da luz, água, gás, bilhetes nos autocarros. E então os Despachantes? Enfim, o culminar desta evolução que nos tira postos de trabalho, está a acontecer com as caixas dos hipermercados a desaparecerem. Sim, aqueles postos de trabalho que os poderosos afirmam que vão aumentar, quando poderem estar abertos todos domingos e feriados. Acredite quem quiser.

Para esta Sociedade não esburacar, em que todos temos que conviver e comer, é necessário que as pessoas tenham ocupação, principalmente os jovens que perigosamente caem no desleixo e cada vez mais se perguntam: Estudar para quê? Como resultado, as escolas transformam-se em centros de divertimento, em que a ofensa corporal é mais uma variante contra o tédio. Assegurar essa ocupação está na mão de quem tem Poder e em consequência disso, Dinheiro. O tal dinheiro que se está a centralizar em determinados Grupos (que de vez em quando crescem com os excêntricos do Euromilhões), pois não necessitam de o despender para pagar salários. A evolução técnica passou a tratar de tudo, mas não consegue tratar do mais importante, a qualidade do Tecido Social e a consequente valorização do ser humano.

domingo, 29 de junho de 2008

Assim não vale!!! Aquilo não era raguebi.

Muita gente estava desejosa da derrota da nossa Selecção. E nesta gente, infelizmente, estavam incluídos aqueles portugueses invejosos que só sabem alimentar a desgraça e dizer mal dos jogadores, principalmente daqueles com quem sempre antipatizaram devido à “clubite aguda”. Curiosamente, quando os jornais saem no dia seguinte, já se apresentam com títulos para esses profetas da desgraça, pelo que se conclui que são uma grande maioria, pois concerteza o que os jornais querem, é vender exemplares.
Será que algum jornal apresentou um título em letras garrafais: “ASSIM NÃO VALE!!!” tendo por baixo a fotografia do alemão a empurrar o Paulo Ferreira? E, pasme-se... com as duas mãos num momento crucial do jogo. Tiveram os alemães muitas oportunidades, que se não fosse naquela sería em outra? Não, não tiveram! E porquê a não repetição de imagens do lance do abraço ao Nuno Gomes na grande grande área, quando ele se preparava para criar perigo?
Se este jornal assim aparecesse a denunciar as falcatruas e a enaltecer os que bem jogaram, será que vendia alguma coisa?
Por último, é vergonhoso ter que ser um selecionador, que nem é português, a perguntar nas entrevistas finais a um jornalista (este português) se ele não viu o empurrão.
É este o povo à beira mar plantado, que inocentemente ou estupidamente sempre alinha no que os Media querem impingir (ou vice-versa). Qual a diferença deste para outros povos? Neste capítulo é esta: por exemplo, nós ganhamos a ingleses, franceses, holandeses, alemães e eles sempre desdenham a nossa vitória e todos os nomes nos chamam: batoteiros, fiteiros, etc. Que faz este povo quando se dá o contrário? Agachasse. E mesmo que os outros nada tivessem provado em campo, vêm estas almas do triste fado a afirmar que eles foram os maiores, enfim uma raça superior, o que na verdade não admira para quem se acha sempre inferior e que por vezes tem que emigrar para esses mesmos países afim de se afirmar como cidadão e quando regressa, então sim todo com ares de superiorioridade.
Ganhar orgulho para pendurar bandeiras não chega é preciso senti-lo e alguém mais tarde ou mais cedo vai ter que fazer alguma coisa por isso.