terça-feira, 26 de maio de 2009

Eis o badalado deserto, só que de pedra

De há umas décadas para cá, que o comércio convencional anda a sofrer uma forte concorrência das grandes superfícies comerciais, dos indianos e dos chineses estes até com as lojas abertas ao público todos os dias da semana. Tirando os estabelecimentos de comes e bebes, botiques finas, ourivesarias ou pequenos lugares com fruta, legumes e mercearias, as outras muito dificilmente conseguem resistir e se resistem é porque muitas vezes os donos são pessoas idosas que teimam ficar, pois parar é morrer. Não deixa de ser curioso, que para as pequenas mercearias que facilitam o pagamento dos mais necessitados(?), os primeiros dias do mês são os de pior afluência de clientes, pois aqueles que pediram fiado mal se apanham com dinheiro fresco dos salários, metem-se nos hipermercados a gastarem até onde podem.
Em Almada, com a concordância dada à obra do Governo para a construção do metro de superficie no centro da cidade e consequente afastamento dos automóveis, a (C)âmara (M)unicipal de (A)lmada ainda agravou esta situação para os donos do pequeno comércio. Não da forma exagerada como estes pintam, pois na própria baixa pombalina onde o comércio florescia, vejam-se as lojas que fecharam quando começaram a aparecer os centros comerciais. No fundo como bom português muitos dos comerciantes com o slogan “(C)omércio (M)al (A)poiado devolvam a vida à cidade” o que querem é ainda receber mais benesses que a Câmara já lhes dá à custa dos impostos que pagamos. A saber: entre outros apoios, as festas de Natal com respectivo sorteio e o Almada Fashion. Caricato é darmos conta daquelas lojas, cuja localização não teve qualquer prejuízo com as obras e os seus donos colam o slogan à porta, com o propósito de poderem vir a receber algum dinheiro em forma de indemnização.
Todavia, é notório que esta obra foi pretexto para uma estúpida guerra aos automóveis, com a destruição de milhares de lugares de estacionamento em troca de passeios demasiado largos para poucos peões. Implatou-se um modelo de outras cidades da Europa, esquecendo-se que lá o traçado é plano e aqui os cidadãos têm muitas inclinações para palmilhar. A Câmara proclama novos lugares para estacionamento, mas só um está a ser construído no centro da cidade e outros dois ficam afastados obrigando a apanhar o Metro, que ainda por cima tem algumas das paragens, muito afastadas umas das outras.
A piorar tudo isto Almada ainda ficou mais feia, triste e poluída, pois na altura das horas de ponta criaram-se nas artérias periféricas, para onde os carros foram empurrados, grandes congestionamentos de tráfago. Praças cheias de pedra por todo o lado e sem sombras, pois até há árvores a crescerem que dão ramagem na vertical e quando adultas nunca terão copa. Praça Gil Vicente, a da desaparecida fonte luminosa, a da Renovação que teimosamente chamam de MFA e até a S. João Baptista, são exemplo dessa asfixia. A CDU embarcou num suicídio político, porque não há muito tempo todos convíviamos melhor, tanto peões como automobilistas sem ter que estar a pagar para estacionarmos o automóvel e podíamo-nos deslocar sem grandes filas de trânsito.
Afinal, bastava que os dirigentes tivessem sido inteligentes e zeladores do interesse dos eleitores, para terem levado em linha de conta a conciliação entre o circuito rodoviário e o canal do metro, o que infelizmente não souberam fazer para prejuízo de todos, apesar de tanto forum de participação onde foi chamada a atenção para tal.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Medidas urgentes contra o banditismo precisam-se

Numa altura em que os noticiários estão focados no vandalismo passado no bairro da Bela Vista, o programa semanal Prós e Contras vem pela segunda vez consecutiva massacrar-nos com as eleições europeias. Suponho que desta vez devido ao compromisso com os partidos que têm menos expressão, pois não é assim muito hábitual a Fátima C. Ferreira fugir ao tema mais badalado da semana, mas inesperadamente algo de tão grave não é trazido a debate.
Seria bom vermos o descaramento dos representantes mais à esquerda defenderem a tese de que o flagelo do desemprego justifica a prática do vandalismo. Aliás, o dirigente da CGTP Carvalho da Silva também desculpou os insultos e cuspidelas ao Vital Moreira com o mesmo argumento.
Antigamente justificava-se a proliferação de marginais devido às condições em que as crianças cresciam: nas barracas sem saneamento onde proliferava a promiscuidade. Mas mesmo assim, podia-se afirmar uma velha frase: vivemos em barracas mas somos honrados.
Presentemente, numa altura em que os nossos impostos vão servindo para alojar pessoas em bairros com condições minimamente decentes, que até de certa forma foi ao encontro da letra da canção do Sérgio Godinho, (em que umas das condições para haver liberdade a sério era haver habitação), eis que principalmente por deficiência de educação e ausência do sentido de família, os vândalos surgem que nem cogumelos. Na maior parte, desde pequenos que não prestam contas aos pais e abandonam a escola cedo, sem terem o sentido da responsabilidade e para eles o mal compensa. Se em pequenos, quem de direito devia “torcer o pepino” e não o fez, é a sociedade que urgentemente tem de criar mecanismos para que faça valer que o crime não compensa e as medidas a tomar têm que começar logo pelos mais novos.
Quem esteja mais atento já notou que lentamente se começa a passar do Car Jacking para a Casa Jacking e não é com estes efectivos policiais e esta Justiça e respectivo Código Penal que chegamos a bom porto.