sábado, 24 de outubro de 2009

A terrível e perversa decisão de Churchill

A verdade da História pode ser contada ou omitida conforme esta melhor sirva os interesses das nações. Muito se falou de Pearl Harbor e filmes se fizeram sobre as batalhas com os japoneses até ao culminar do lançamento das duas bombas atómicas.
O que a RTP2 apresentou esta quinta-feira e repetiu hoje, foi o “Pearl Harbor” francês onde morreram milhares de marinheiros franceses. Este foi executado às ordens de Churchill, que não acreditando na palavra dada pelo Almirante francês Darlan, (que nunca deixaria que a sua frota ficasse na posse dos alemães), mandou a sua armada afundar a frota francesa estacionada a em Mers-El-Kebir (Argélia na altura colónia de França), com medo que os navios caíssem em poder dos alemães, que entretanto já tinham invadido o norte de França. Churchill tinha resolvido fazer um ultimato à França para que esta deslocasse os seus navios para junto da frota britânica senão seria afundada. Naturalmente os franceses se sentiram ofendidos e ainda por cima estando a sua palavra de honra em causa, pelo que consideraram o ultimato entregue por um oficial subalterno a um almirante francês como uma grande ofensa e pediram satisfações aos altos signatários ingleses. Surpreendentemente para os incrédulos franceses, para quem os ingleses no dia anterior eram amigos e aliados, receberam a resposta com fogo de canhões sobre navios encurralados no porto. Ironicamente mais tarde, provando a lealdade francesa e no cumprimento da sua palavra, quando os alemães se dirigiram para o sul de França afim de se apoderarem da restante armada francesa, os próprios franceses sabotaram e mandaram os navios ao fundo. Como não podia deixar de ser, o povo britânico foi de tal forma intoxicado com propaganda sobre as má intenções dos franceses, que acabaram de fazer manifestações de grande apoio à atrocidade cometida por Winston Churchill.
Excelente este documentário do Channel 4 que mais uma vez soube interligar imagens reais com imagens ficcionadas, estas também baseadas em factos reais e comentadas por intervenientes dos dois paises.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

ACP, um partido de alguns automobilistas?

Por muito legitimas que sejam as razões do Sr. Carlos Barbosa quanto às criticas que faz sobre a gestão da Câmara Municipal de Lisboa, é de um desplante e de uma falta de respeito para com os sócios do ACP em servir-se da Revista deste Club para ao longo destes meses andar a fazer campanha política. É uma publicação que como qualquer outra tem custos e as suas páginas têm de ser criteriosamente seleccionadas e a sua quantidade que normalmente é restrita, ainda tem de ser patrocinada por outras repletas de publicidade.
O clímax destes desaforos foi atingido este mês após uma eleição em que por acaso o alvo desse massacre até ganhou a maioria, o tal que o artigo presenteia com o mimo “António Costa prejudica entradas em Lisboa por incompetência”. Serviram-se da sensibilidade que as crianças suscitam, para canalizarem dinheiro em várias páginas com fotografias dos pais nos seus bólides em filas de trânsito para as deixar mesmo à porta dos colégios particulares, os tais só para pessoas com rendimentos acima da média que claro transportes públicos nem vê-los, que é o que utilizariam se estivessem num outro país civilizado da Europa, onde se procura perseverar o ambiente.
Durante estes meses, uma Revista que se supõe servir os automobilistas de todo o território nacional, deverá ter causado certa estranheza aos habitantes do Porto, Coimbra ou Faro, que os seus problemas não sejam relatados. Impecáveis devem ser as Câmaras do PSD a tratarem da fluidez do tráfego.
Se o Presidente deste Club, que nitidamente é uma pessoa que estaria mais enquadrada na direcção de um partido político, concentrasse toda a atenção em defender o interesse de todos os sócios é o que nós tínhamos a ganhar, evitando por exemplo, que fossemos de cavalo para burro ao deixar os descontos da Repsol que claramente nas nossas estradas tem maior implementação que a BP.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

A Estranha Em Mim

Um bom filme de suspense onde mais uma vez Jodie Foster interpreta um papel à sua medida. Como é costume sem par amoroso, apesar de no início deste, ela desempenhar cenas amorosas sem percebermos se em algumas foi substituída por uma dupla. Não fugindo à regra, de praticamente em todos os seus filmes se apresentar como um alvo fácil e frágil para os criminosos revela-se depois uma mulher forte, valente e destemida. Sabe bem seguir este thriller que até ao fim nos deixa na expectativa de como Erica Bean, uma contadora de histórias de grande audiência na rádio, consegue levar a bom porto a sua missão de vingadora nas horas vagas.
Curioso o curto aparecimento de Mary Steenburgen que faz o papel de chefe de produção do referido programa e que nos leva a pensar em quão efémera é a vida de uma actriz em papéis principais, pois sofrem uma forte concorrência. Ultimamente vimo-la em outro papel secundário com Sandra Bullock, na Proposta, mas é mais recordada no Regresso ao Futuro III, em que aparece como namorada do professor.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Concenso, procura-se

O Paulo Rangel fez com que o PSD tivesse levado muitos votos nas Europeias, além de que o eleitorado também queria puxar as orelhas ao Sócrates. Naturalmente muitos discursos de vitória foram proferidos e muita gente que há muito tempo não se via, saiu da toca. Agora o que não se percebe, é como Manuela Ferreira Leite tal como se tivesse engolido uma cassete, mantém o mesmo estilo de discurso após as eleições Legislativas e Autárquicas onde nitidamente perdeu. O povo na sua maioria foi claro na sua mensagem: quer que o PS governe mas sem arrogância e que atenda às boas propostas dos outros partidos. Para isso, não pode haver do outro lado uma oposição prepotente a fazer discursos de vitória que claramente não lhe pertencem.
Curioso é, quem vota nas Autárquicas conhece bem quem lhes está por perto e simplesmente não quiseram os candidatos do BE, salvo raras excepções, pois para além da seriedade é preciso também ter muita responsabilidade.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Caminho árduo

No futebol ou como em qualquer outra profissão, o humilde e bom trabalhador é sempre reconhecido. Foi o que aconteceu com o Liedson em pleno Estádio da Luz, onde três manifestações de carinho foram prestadas: como é natural ao Simão Sabrosa que desta vez além de fazer um excelente jogo também estava com o pé afinado; ao Nuno Gomes que já com a sua maturidade consegue transmitir uma calma necessária ao jogo e por fim ao levezinho que marcou o golo do descanso, servido por um passe inteligente do Bruno Alves. Também o Pedro Mendes (homenagem lhe seja prestada) fez um jogo espectacular.
Valeu a pena a ajuda dos dinamarqueses que até veio engordar as receitas da FPF, pois muitos espectadores só decidiram o ser, após saberem o que a Suécia fez, ou melhor, o que não fez.
É nossa sina só nos lembrarmos de Santa Bárbara quando troveja e agora é sofrer a bom sofrer até ao próximo 18 de Novembro. Dificilmente os nossos jogadores (está-lhes no sangue luso) não se convencem que não basta andarem a pavonear-se com a sua classe, mas que é preciso levar o jogo a correr e anteciparem-se aos seus adversários, vestindo como se costuma dizer o fato macaco. Que o vistam e que a sorte do jogo os acompanhe. Sim, porque isto não deixa de ser um jogo em que não há vencedores antecipados e daí o fascínio do futebol.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O prazer da leitura

Entrar numa biblioteca e escolher um bom livro, na maior parte das vezes é uma tarefa fácil. Basta agarrar num daqueles que esteja mais manuseado, mais sujo e normalmente com a lombada a descolar, é sinal de que foi muitas vezes lido e que a sua fama passa de boca em boca. No entanto, por vezes tento saber mais dos autores portugueses e por norma eles apesar de narrarem boas histórias, desiludem pela forma enfadonha e complicada como são escritos, fazendo lembrar a maioria dos filmes portugueses que para aí se fazem. Ultimamente apostei em tomar conhecimento da Agustina Bessa-Luís (O Comum dos Mortais), do Vitorino Nemésio (Mau Tempo no Canal) e do José Cardoso Pires (Delfim), sendo que deste último já tinha lido Balada da Praia dos Cães. Como atrás disse, as histórias são boas só que a forma de serem contadas não me empolgam e por vezes faz-se da leitura um esforço para que não se perca o fio à meada. Para não perder a fé no prazer da boa leitura, tenho que de seguida ler um autor consagrado, que foi o que fiz após a história do Manzarino uma metáfora ao Salazar e ao Estado Novo nesse bom romance da Agustina. Então, o livro que sofregamente pego, tal como quem vai à janela respirar ar puro, foi o Toque de Midas da australiana Colleen McCullough. Uma narrativa extraordinária a atravessar várias épocas, não ficando de modo algum atrás dos Pássaros Feridos.
Nesta incursão pelos autores portugueses às vezes surgem agradáveis surpresas e uma delas foi Sinais de Fogo de Jorge de Sena que a maior parte das pessoas já ouviram falar e poucas leram. Até porque Sinais de Fogo é um nome sonante e que na memória fica gravado a… fogo. Um livro com um tamanho razoável e letra miúda quase parecendo um pequeno dicionário e cuja história inacabada (no final fiquei com essa sensação) é passada na Figueira da Foz no tempo da guerra civil espanhola e do nosso regime a assobiar para o ar como nada se passasse, à espera para que lado cai o poder, mas sempre dando sorrateiramente uma facada nos antifascistas. Mas a parte curiosa do livro e principalmente para a época em que foi escrito, é o tratamento dado às cenas de cariz sexual. O leitor é levado com o par de apaixonados ao encontro de uma casa escondida que aluga quartos para o efeito e onde eles misturam o seu amor puro no leito de um quarto asqueroso onde tantos outros fazem a descarga de instintos unicamente animalescos. Ou de outra personagem que é um machão a ganhar dinheiro com homosexuais ou mesmo metido com uma velha rica também para sacar dinheiro. Assim como no Mau Tempo no Canal eu fui levado aos Açores e senti-me um ilhéu, o mesmo aconteceu com este de Sena, a fazer-me pisar as areias da Figueira.
Também a leitura de A Filha do Capitão, romance de José Rodrigues dos Santos é inolvidável. Uma história de amor passada em plena primeira grande guerra mundial onde o autor bem realça o massacre sofrido pelas tropas portuguesas e o leitor é introduzido nas trincheiras parecendo sentir um cheiro podre, a pólvora a… morte. Tal como Miguel Sousa Tavares também José Rodrigues tem uma escrita na linha de Eça, aquele género de escrita poderosa que entusiasma o leitor parecendo que até nas entrelinhas escrevem.
Aqueles livros que os amigos nos cedem por empréstimo, por norma também são dos melhores e foi o que ultimamente me aconteceu ao devorar A Sombra do Vento do autor espanhol Carlos Ruiz Zafón. Mais um romance espectacular que tem a particularidade de nos transportar a Barcelona aos tempos do fascismo de Franco e à guerra fratricida onde o autor com grande mestria, faz coincidir a história de amor do personagem principal com a de um livro que este anteriormente leu.
Bons livros estes, que são uma alternativa ao pequeno ecrã nas noites mais longas que se aproximam.