Entrar numa biblioteca e escolher um bom livro, na maior parte das vezes é uma tarefa fácil. Basta agarrar num daqueles que esteja mais manuseado, mais sujo e normalmente com a lombada a descolar, é sinal de que foi muitas vezes lido e que a sua fama passa de boca em boca. No entanto, por vezes tento saber mais dos autores portugueses e por norma eles apesar de narrarem boas histórias, desiludem pela forma enfadonha e complicada como são escritos, fazendo lembrar a maioria dos filmes portugueses que para aí se fazem. Ultimamente apostei em tomar conhecimento da Agustina Bessa-Luís (O Comum dos Mortais), do Vitorino Nemésio (Mau Tempo no Canal) e do José Cardoso Pires (Delfim), sendo que deste último já tinha lido Balada da Praia dos Cães. Como atrás disse, as histórias são boas só que a forma de serem contadas não me empolgam e por vezes faz-se da leitura um esforço para que não se perca o fio à meada. Para não perder a fé no prazer da boa leitura, tenho que de seguida ler um autor consagrado, que foi o que fiz após a história do Manzarino uma metáfora ao Salazar e ao Estado Novo nesse bom romance da Agustina. Então, o livro que sofregamente pego, tal como quem vai à janela respirar ar puro, foi o Toque de Midas da australiana Colleen McCullough. Uma narrativa extraordinária a atravessar várias épocas, não ficando de modo algum atrás dos Pássaros Feridos.
Nesta incursão pelos autores portugueses às vezes surgem agradáveis surpresas e uma delas foi Sinais de Fogo de Jorge de Sena que a maior parte das pessoas já ouviram falar e poucas leram. Até porque Sinais de Fogo é um nome sonante e que na memória fica gravado a… fogo. Um livro com um tamanho razoável e letra miúda quase parecendo um pequeno dicionário e cuja história inacabada (no final fiquei com essa sensação) é passada na Figueira da Foz no tempo da guerra civil espanhola e do nosso regime a assobiar para o ar como nada se passasse, à espera para que lado cai o poder, mas sempre dando sorrateiramente uma facada nos antifascistas. Mas a parte curiosa do livro e principalmente para a época em que foi escrito, é o tratamento dado às cenas de cariz sexual. O leitor é levado com o par de apaixonados ao encontro de uma casa escondida que aluga quartos para o efeito e onde eles misturam o seu amor puro no leito de um quarto asqueroso onde tantos outros fazem a descarga de instintos unicamente animalescos. Ou de outra personagem que é um machão a ganhar dinheiro com homosexuais ou mesmo metido com uma velha rica também para sacar dinheiro. Assim como no Mau Tempo no Canal eu fui levado aos Açores e senti-me um ilhéu, o mesmo aconteceu com este de Sena, a fazer-me pisar as areias da Figueira.
Também a leitura de A Filha do Capitão, romance de José Rodrigues dos Santos é inolvidável. Uma história de amor passada em plena primeira grande guerra mundial onde o autor bem realça o massacre sofrido pelas tropas portuguesas e o leitor é introduzido nas trincheiras parecendo sentir um cheiro podre, a pólvora a… morte. Tal como Miguel Sousa Tavares também José Rodrigues tem uma escrita na linha de Eça, aquele género de escrita poderosa que entusiasma o leitor parecendo que até nas entrelinhas escrevem.
Aqueles livros que os amigos nos cedem por empréstimo, por norma também são dos melhores e foi o que ultimamente me aconteceu ao devorar A Sombra do Vento do autor espanhol Carlos Ruiz Zafón. Mais um romance espectacular que tem a particularidade de nos transportar a Barcelona aos tempos do fascismo de Franco e à guerra fratricida onde o autor com grande mestria, faz coincidir a história de amor do personagem principal com a de um livro que este anteriormente leu.
Bons livros estes, que são uma alternativa ao pequeno ecrã nas noites mais longas que se aproximam.
Nesta incursão pelos autores portugueses às vezes surgem agradáveis surpresas e uma delas foi Sinais de Fogo de Jorge de Sena que a maior parte das pessoas já ouviram falar e poucas leram. Até porque Sinais de Fogo é um nome sonante e que na memória fica gravado a… fogo. Um livro com um tamanho razoável e letra miúda quase parecendo um pequeno dicionário e cuja história inacabada (no final fiquei com essa sensação) é passada na Figueira da Foz no tempo da guerra civil espanhola e do nosso regime a assobiar para o ar como nada se passasse, à espera para que lado cai o poder, mas sempre dando sorrateiramente uma facada nos antifascistas. Mas a parte curiosa do livro e principalmente para a época em que foi escrito, é o tratamento dado às cenas de cariz sexual. O leitor é levado com o par de apaixonados ao encontro de uma casa escondida que aluga quartos para o efeito e onde eles misturam o seu amor puro no leito de um quarto asqueroso onde tantos outros fazem a descarga de instintos unicamente animalescos. Ou de outra personagem que é um machão a ganhar dinheiro com homosexuais ou mesmo metido com uma velha rica também para sacar dinheiro. Assim como no Mau Tempo no Canal eu fui levado aos Açores e senti-me um ilhéu, o mesmo aconteceu com este de Sena, a fazer-me pisar as areias da Figueira.
Também a leitura de A Filha do Capitão, romance de José Rodrigues dos Santos é inolvidável. Uma história de amor passada em plena primeira grande guerra mundial onde o autor bem realça o massacre sofrido pelas tropas portuguesas e o leitor é introduzido nas trincheiras parecendo sentir um cheiro podre, a pólvora a… morte. Tal como Miguel Sousa Tavares também José Rodrigues tem uma escrita na linha de Eça, aquele género de escrita poderosa que entusiasma o leitor parecendo que até nas entrelinhas escrevem.
Aqueles livros que os amigos nos cedem por empréstimo, por norma também são dos melhores e foi o que ultimamente me aconteceu ao devorar A Sombra do Vento do autor espanhol Carlos Ruiz Zafón. Mais um romance espectacular que tem a particularidade de nos transportar a Barcelona aos tempos do fascismo de Franco e à guerra fratricida onde o autor com grande mestria, faz coincidir a história de amor do personagem principal com a de um livro que este anteriormente leu.
Bons livros estes, que são uma alternativa ao pequeno ecrã nas noites mais longas que se aproximam.
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