terça-feira, 8 de abril de 2014

A mão do capitalismo

A revolução feita por jovens capitães com o objectivo de pôr fim a uma guerra que os estava a matar ou pior ainda a estropiar, trouxe a reboque um povo que conquistou a liberdade e o poder de voto para escolher quem o melhor o serviria. Só que por manobras eleitoralistas das percentagens dos votos, quem está no poder coligado não representa a maioria de votos de quem se deu ao trabalho de ir às urnas. A mensagem que foi dada nas mesas de voto, foi um basta à governação de seis anos de Sócrates, uma personalidade arrogante da qual as pessoas já estavam fartas de atender com sacrifícios e o que queriam era um outro primeiro ministro com politicas centro esquerda. Mas o que há três anos saiu, foi um governo a reboque do CDS virado completamente à direita pondo a sua clientela rica mais rica e os pobres mais pobres. Passados quarenta anos, eis por ironia do destino ao que a esquerda chegou (unicamente por culpa dela, permitindo a reeleição de um presidente por demais comprometido com a direita, mesmo com gestores de reputação duvidosa): contra três comentaristas pró governo a papaguear em canais abertos (TDT), está apenas José Sócrates no contraditório. Contra ele puseram agora o José Rodrigues dos Santos que em vez de recolher as opiniões como fazem os jornalistas nos outros canais, faz a mando de quem tem a força do dinheiro, o papel de entrevistador (ou advogado do Diabo como lhe chamou o entrevistado e ele considerou isso um insulto ao qual altivamente não se dignou a responder). Este é o comportamento de quem escreveu “A mão do Diabo”, um daqueles calhamaços que todos os anos este mais escritor do que jornalista, costuma editar. Quando o trouxe da biblioteca tinha a particularidade de a forra da capa estar rasgada com raiva por um xi-ato e depois de o ler percebi bem porquê. Aquilo não passa de ataque sectário descarado aos seis anos de governação socialista, como sendo a causa de todo o mal a que chegámos. Como se governos de Cavaco Silva (um dos quais com maioria absoluta no auge da chuva de euros), Durão Barroso e Santana Lopes não tivessem existido, sendo o descalabro só causado pelas governações de esquerda. No final deste romance vêm sempre os agradecimentos e as referências a quem o ajudou escrever e a provarem que apesar de ficção é baseado em fatos reais. Dos economistas consultados lá tinha que estar o Medina Carreira e pasme-se... o Vítor Bento. O tal que apresentou um estudo de que as transações no multibanco têm de ser taxadas, não sendo por acaso que os talões (CGD) já apresentam uma linha a dizer Custo da Operação: 0,00€. Perante tudo o que se está a passar, não se pode deixar de reafirmar uma verdade: “Não basta conquistar a liberdade é preciso no dia à dia lutar por ela”.