terça-feira, 29 de março de 2011

Uma nova relação institucional

Sempre se percebeu pela oposição que a Esquerda ia fazendo, que este segundo mandato de Sócrates nunca chegaria ao fim. Foi uma Esquerda que desprezou a vontade do eleitorado, que se exprimiu nas últimas eleições legislativas pelo mesmo primeiro ministro, só que sem uma maioria absoluta de forma a lhe baixar a crista da arrogância. E será esta mesma ala comunista/maoista a mais penalizada, principalmente o PCP de quem se esperava uma maior responsabilidade e ponderação. O comportamento da direita foi seguir o seu instinto natural de caça ao poder sem olhar a meios, esperando apenas o aval do Presidente da República para a reeleição do qual tanto se esforçaram. Uma frase Passos Coelho repetia até à exaustão: “O Governo só tem que fazer a sua obrigação, que é governar”, sabendo ele perfeitamente que quem nos governa são os poderosos da Europa, os tais que agora pedem contas daquela injeção de dinheiro nos dois governos de Cavaco (PSD/CDS) e no de Guterres (PS). O que fazemos ou não fazemos em forma de PEC (Pacto de Estabilidade e Crescimento) é precisamente a aplicação dessas diretrizes que todos boicotaram, mas que agora se dão a ares de grande responsabilidade a afirmarem que essas medidas ou piores ainda têm que ser implementadas, só que com o “tacho” em outras mãos. Já tivemos uma AD de Cavaco com os nefastos resultados que estão na memória de muitos e eram esses os tempos de vacas gordas seguindo-se outro mandato do PS de Guterres que também desbaratou as ajudas disponibilizadas para investimento (a CREL por exemplo, passou a ser à borla), acabando por Durão Barroso (PSD) com a ministra das finanças Manuela Ferreira Leite trazer a austeridade (IVA a 21%) e daqui para cá a palavra deficite nunca mais nos largou, agora a juntar uma crise mundial que tudo agravou. Veja-se as recentes manifestações na Inglaterra que sempre tem sido fiel à sua libra.

Tudo leva a crer que a partir de Junho pela primeira vez vamo-nos deparar com o inicio de um ciclo em que o Governo e o Presidente são de Direita, que é o resultado da falta de lucidez de um Jerónimo de Sousa que nunca chegará aos calcanhares de Cunhal que numa eleição à presidência, disse aos comunistas para taparem a foto de Soares e meterem lá a cruz evitando desta forma a dispersão de votos.