terça-feira, 15 de março de 2016

Almada na linha da frente das zonas urbanas mais feias

A "lebre"

O "gato"

No que toca à beleza, Almada é uma terra com pouca sorte. Ou por ser vitima do mau gosto dos que a têm governado, ou por corrupção, ou então as duas coisas juntas. Ainda me lembro no tempo da ditadura, de terem autorizado o poder eclesiástico, a estragar um amplo e bonito jardim no centro da cidade (na altura vila), para construir um mamarracho de uma igreja que mais parece um montão de betão. É inimaginável os meses necessários a injetarem tubos para retirar lama do terreno que era um bonito relvado, afim de colocarem os alicerces. Foi neste tempo também que criaram as torres em Cacilhas, escavacando o que seria uma das mais bonitas avenidas deste país, que ficou de um lado com prédios com o dobro da altura dos primeiros que estão no lado oposto. A praça S. João Batista constitui outro caso, ao ser atravancada com um descomunal prédio que esmagou outros mais pequenos, que esperavam a construção de um com a mesma volumetria para fechar o lado direito da praça virada para o rio. A praça do MFA também não escapou à febre imobiliária e além de tirarem o nome de Renovação,meteram-lhe um edifício com o dobro da altura dos já existentes na praça, para rematar o redondo. Julgo mesmo que por talvez não se ter conseguido travar a obra a tempo, que estes dois últimos atentados ambientais, já aconteceram após se ter dado o 25 de abril.
Não deixa de ser curioso o caso de Almada ter sido escolhida para levar com o cimento do monumento ao Cristo Rei, que seria o maior mamarracho sobre Lisboa não fosse o feliz acaso de os pilares de uma das mais bonitas pontes do mundo ter suavizado tamanha aberração, acabando por enquadrar o santuário numa feliz paisagem.
Agora nos nossos dias à pala do metro (MTS), é vendido gato por lebre e temos feito num parque de latas o que seria um aprazível centro, fazendo lembrar o que fizeram outrora à praça do Comércio em Lisboa. As viaturas estão por todo o lado como cogumelos, até mesmo encostadas a bancos de jardim, ficando a praça do MFA mais as ruas Fernão Lopes e Luís de Queiroz horríveis, como sendo um parque de automóveis onde os peões não sabem por onde andar em segurança. Não deixa de ser lamentável os milhões de euros gastos em quatro novos parques de estacionamento, para ninguém ter necessidade de os usar, já que levam o carro para onde lhes apetece. Aliás, o desperdício com que a câmara trata os dinheiros públicos evocando a regulação do trânsito é por demais evidente. O dinheiro não sai do bolso destes responsáveis, sendo as trocas e destrocas dos sentidos de trânsito a consequência de quem não sabe o que anda a fazer. A juntar a isto, ainda temos as presumíveis fontes de uma pedra negra feia, que mais parecem fossos de porcaria, pois a água quase sempre está fechada. Recordando a beleza que era a nossa fonte luminosa e como a praça Gil Vicente agora ficou, dando lugar ao mesmo tipo de “fossos”, é de uma tristeza confrangedora.
Estar de bem com Almada é fugir do seu centro, que deveria ser bonito, a parte nobre, o cartão de visita da cidade e ir para as partes velhas recuperadas, como Almada antiga e Cacilhas. Quem vem de passagem o melhor que tem a fazer, é mais uns quilómetros e dirigir-se a Setúbal, onde todo centro é aprazível com bom gosto, curiosamente o resultado do investimento de uma câmara também CDU.