sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Eleições para que vos quero

Tal como há cinco anos, Cavaco Silva irá ganhar de forma esmagadora estas eleições para a Presidência da República. Apesar da promiscuidade revelada pela revista Visão sobre o autêntico feudo que é a quinta da Coelha, onde a maior parte dos vizinhos de Cavaco foram seus colaboradores com realce para Oliveira e Costa, a única dificuldade é a abstenção mas os eleitores de Direita não costumam facilitar, contrariamente ao que fizeram os de Esquerda num primeiro referendo à despenalização do aborto, que fiando-se nas sondagens a seu favor preguiçaram, não foram às urnas e perderam. É esta mesma facção politica que torna a facilitar o caminho à recandidatura do actual presidente, ao se apresentar às eleições com vários candidatos não se percebendo bem qual o papel do socialista Defensor Moura, que não se livra de passar por um submarino ou a favor da Direita ou pró Esquerda, se por esta apresentar a desistência a favor de Manuel Alegre. Caso assim proceda justifica-se a atitude que teve ao andar a mandar atoardas ao candidato Cavaco Silva e fazer esta pirueta, que também pelo menos numa das eleições o Partido Comunista já fez com o seu candidato da altura a desistir no final da campanha.
Prevê-se uma daquelas noites de euforia que me fazem sempre lembrar as imagens do filme Chove em Santiago passado no saudoso cinema Nimas (cinema pequeno com sessões sucessivas sempre esgotadas) em que apresenta o regozijo dos apoiantes de Augusto Pinochet na queda de Salvador Allende no Chile depois de tanto se gritar o povo unido jamais será vencido.
Todos vão pedir a cabeça de Sócrates como se de umas legislativas se tivesse tratado, ficando a expectativa se este não aproveitará o pretexto para se pôr a andar como fez António Guterres. Chega a uma altura que já não há pachorra para aturar tanta adversidade, ainda por cima na situação de crise mundial que se atravessa em que o desemprego é o maior flagelo. Se assim decidir é como tirar o tapete ao reeleito, que também numa altura destas de necessária coesão perante os mercados internacionais, não é grande fã de eleições antecipadas além de uma fraca empatia por Passos Coelho.