quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Morte, para alguns só física

Excluindo os fanáticos religiosos (nem todos), bem… bem… no fundo da nossa consciência, nós sabemos que só morremos quando algures no tempo (e enquanto os humanos subsistirem), deixarem de falar de nós. Não é por mero acaso que nos congratulamos quando a nossa família prolifera ou se diz que uma pessoa fica realizada quando constrói uma casa, planta uma árvore, escreve um livro, pinta um quadro e até mesmo fazer parte de um filme ou canção inesquecíveis. Gerações após gerações, de uma forma espontânea por uma qualquer razão seremos lembrados e assim vamos vivendo eternamente. Mas no reverso da medalha, também existem aqueles que são lembrados pelo mal que fizeram e que os mais religiosos acreditam que estão a arder eternamente no inferno.

E é assim que num tempo longínquo quando chegados àqueles dias que eram feriado, alguém conte aos seus netos que no passado era um dia de descanso para celebrar isto ou aquilo e nós ficávamos em família, exceto aqueles a quem os deveres profissionais não o permitiam, mas gozavam à mesma em outro dia, ou eram compensados monetariamente. Ah! interessa-se o neto e pergunta: mas quem nos fez esta maldade, também foi o senhor que morreu por ter caído da cadeira, foi? Não querido, foi outro chefe do governo que nem quero dizer o nome para não ajudar a ficar eterno e com a colaboração de outro superior.

Não deixa de ser interessante que Marcelo Caetano lentamente vá morrendo porque é um nome que propositadamente é esquecido, principalmente a tal primavera marcelista. Os fascistas ao fazerem a comparação com Salazar sempre o chamaram de fraco e não consta que tivesse tido tempo para grandes inaugurações, pois teve que estar a apanhar os cacos deixados pelo anterior ditador de um país em plena guerra colonial, a encher-se de estropiados e mortos regressados do ultramar. Mas foi a ele que devemos aquilo que estes agora querem tirar: a semana americana (não trabalhamos ao sábado mas compensamos para isso com mais horas de trabalho destribuídas pelos restantes dias da semana) e os subsídios de férias e natal para os funcionários públicos. Abriu as portas ao estrangeiro custando-lhe numa deslocação a Londres levar com caixotes de lixo num protesto contra a injusta guerra. Foi pena os grandes interesses capitalistas não o terem deixado a ser mais ousado e ter avançado com a descolonização, porque nessa altura já tinha sido alertado pelo marechal Spínola que a Guiné era um caso perdido. Tudo teria sido diferente, com repercussões até aos dias de hoje, visto que os jovens capitães já não tinham necessidade de fazer o 25 de Abril, do qual à boa maneira portuguesa tantos oportunistas se aproveitaram e até nos dias de hoje. Veja-se a quantidade de deputados para um país tão pequeno.