terça-feira, 25 de maio de 2010

Chernobyl aquático

Na década 70 do século vinte, foi dado ao ser humano até mesmo ao mais incrédulo, a faculdade de perceber o quão sensível é o nosso planeta. As fotografias tiradas do espaço mostrando um globo lindo envolto numa neblina azulada de aspecto frágil, ficou para sempre na nossa retina. Por essa altura e já lá vão uns quarenta anos, houve alertas que foram feitos através da área cultural, pois são normalmente os intelectuais dos primeiros a serem mais sensíveis para os atentados à natureza, apesar de agora estarem mais acomodados do que interventivos, excepto no que concerne às campanhas a favor das crianças. Lembro-me do Luís Filipe Costa ter realizado para a RTP uma excelente série com o sugestivo titulo “Só Há Uma Terra”, assim como do espanhol Felix Rodriguez de La Fuente, (infelizmente cedo nos deixou) ter feito séries documentais e ao mesmo tempo ter lançado uma obra em fascículos intitulada "Fauna" e que era acompanhada de um livro alertando para os animais em vias de extinção, que passados todos estes anos nos questionamos que medidas terão tomado os governos para os perseverar. Na área da música uma famosa banda da altura, Supertramp, tinha lançado um álbum “Crisis? What (que) Crisis?”, titulo que parece nunca sair de moda. Também os Pink Floyd ou Sting entre outros, já entrando por outras décadas insistiram no alerta sobre a destruição da Terra, principalmente no que concerne ao perigo de uma terceira guerra mundial. No nosso idioma, o Roberto Carlos chamou-nos a atenção com um comovente tema sobre a caça às baleias. Os japoneses só pararão quando as exterminarem de vez.
Este planeta lá vai resistindo, (os seus habitantes é que não se sabe até quando), aos maiores e vis atentados: experiências nucleares, florestas destruídas, poluição de gases cada vez maior e derrames de petróleo. Este último nas costas dos EUA parece não ter fim à vista, já começando a dirigir-se para a Florida contaminando o Atlântico. Com a ganância do lucro fazem-se furos a centena de metros de profundidade sem sequer estar equacionado e testado um processo para selar estes poços em caso de catástrofe, desprezando-se as nefastas consequências ambientais para as futuras gerações.
A constatação da referida fragilidade do nosso planeta poderia ter servido para sensibilizar os poderosos na defesa da Terra, deixando-se de despender milhões na construção e manutenção da Estação Espacial Internacional que outra coisa não tem feito do que andar a levar lixo para o espaço. De certeza que de há quarenta anos para cá, um melhor aproveitamento de todos esses recursos poderiam ter dado um forte incremento ao desenvolvimento das energias renováveis não poluentes, estando estas presentemente com outra evolução. Acredito que entre outros enormes melhoramentos seria normal, por exemplo, estarmos por esta altura a assistir a GP de Formula 1 ou a GP de Motociclismo cujas máquinas estariam a ser impulsionadas por motores eléctricos de alta eficácia e até a poluição da Terra mais controlada, assim como as guerras e então depois sim, pensar na conquista espacial.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Um Domingo cheio de emoções fortes

O espectacular comportamento de Frederico Gil na final de ténis do Estoril Open, foi completamente abafado pelo Benfica na prevista conquista do Campeonato Nacional de Futebol.
O espanhol Montagnes, já vencedor deste torneio de ténis no ano passado e agora após eliminar o primeiríssimo Roger Federer, ameaçou no segundo set de forma displicente e sobranceira, o português com dois match point que este soube rechaçar com o apoio irreverente do público. Os espectadores a partir daí entraram numa tal excitação, que pareciam evocar a Padeira de Aljubarrota acabando por valorizar a vitória do espanhol no terceiro set tendo este que lutar contra tudo e todos, mas aprendeu a lição de não deixar de ser humilde. É pena Frederico Gil não ter uma compleição física mais vocacionada para o ténis, isto é ser um pouco mais alto e esguio, porque com certeza outros triunfos alcançaria aproveitando o seu alto poder de concentração e postura calma, invejáveis a qualquer campeão.
Campeão foi mais uma vez o Benfica, que também teve a sua vitória valorizada pelo excelente comportamento do Braga e até mesmo o Rio Ave contribuiu para dar uma pitada de emoção no final da competição. O forte investimento do Benfica (não se percebendo bem de onde veio tanto dinheiro, mesmo havendo jogadores que o Porto surripiou numa tentativa de enfraquecer o clube ) foi bem trabalhado por todos os dirigentes e elenco técnico. De notar o trabalho de Jesus em conseguir fixar o guarda-redes, curiosamente não sendo para o Quim a época em que brilhasse com grandes defesas e também soube gerir a condição física do Aimar e Carlos Martins, interligando-os bem com Di Maria e Cardozo, este vencedor da Bola de Prata, troféu do melhor marcador. Influente também foi a acção de David Luís, que superou bem a lesão da época passada e após fazer uns auto-golos comprometedores passou a acertar na baliza certa. Foi-se impondo este novo treinador, também com a ajuda da atitude acertada do Rui Costa em se deixar de protagonismos e terminou sem conflitos com o mito Mantorras, que na prática apenas andava a servir para o histerismo dos adeptos africanos e ao mesmo tempo a manter no Clube a tradição ultramarina.
Como ultimamente tem sido hábito há a lamentar os excessos com vandalismo à mistura, que tiveram o expoente máximo em Braga reflectindo um mau perder já demonstrado nas palavras de Domingos. Nestes dias desatou a fazer uma retrospectiva de jogos anteriores arriscando-se a ir tão atrás no tempo de modo a nos perguntarmos se ele próprio não beneficiou de uma estrutura deixada por Jesus. Independentemente da vertente desportista andam por aí muitos jovens sem trabalho no corpo, estando folgados para andarem a causar distúrbios e quer se queira quer não os métodos policiais têm que ser aumentados e tecnicamente especializados. Aquelas imagens daquele vândalo em fúria a destruir património e mandá-lo para a água, têm de servir como exemplo para uma punição severa sendo a forma de demonstrar que a liberdade não pode ser confundida com libertinagem.