sexta-feira, 20 de março de 2009

A História sempre se repete


Só nos Estados Unidos podia surgir um filme (que por acaso é um comentário) excepcional como a categoria de Fahrenheit 9/11. Os Hugos Chaves ou Eduardos dos Santos a serem alvo das acusações que aqui são feitas, reduziam o realizador Michael Moore a pó. No entanto, o Governo Norte Americano também não tem que se preocupar muito a proteger a sua imagem, pois têm lacaios de países amigos que se encarregam disso. Por cá, por exemplo, um filme tão badalado no circuito comercial chega à televisão estatal para passar duas vezes fora de horas, uma das quais às três da madrugada no Canal 1.
Este filme começa por pôr em dúvida a legalidade da primeira eleição de George W. Bush, mostrando a indignação da comunidade negra quanto à contagem dos seus votos. Para isso, vários negros membros representativos, afim de exporem as suas legitimas razões exemplificativas da má contagem, dirigem-se ao Senado para pedirem a um qualquer senador, que intercedesse para obrigar a uma recontagem de votos. Nem um, aprovou o apoio a essa transparência e só bastava um. É como se todos os senadores tivessem feito um pacto entre eles.
É realçada as boas relações da família Bush e a de Bin Laden, ao ponto do clã Laden ser mandado embora logo após os atentados de 11 de Setembro, sem serem interrogados para se conseguir alguma pista do paradeiro do mais famoso terrorista.
Destaca o esfregar de mãos de empresários sem escrupulos, a aplaudirem a guerra para daí retirarem dividendos do petróleo.
Mostra interpelações a membros do Senado, que a todo o custo tentam esquivar-se a responder à pergunta, porque é que os filhos deles não são mobilizados, isto em contraste com a apresentação de grandes campanhas junto das famílias desfavorecidas, para que os filhos se alistem com promessas de uma vida melhor.
Também são divulgadas as imagens de milhares de cruzes brancas nos cemitérios assim como dos estropiados, tal como nos habituámos a ver desde a guerra do Vietname. É este hábito, diga-se indiferença que é alarmante. Até se conseguir que fosse feita a retirada das tropas do Vietname, muitas manifestações violentas tiveram que ser feitas e muitas canções de intervenção repetidamente cantadas. O filme Nascido a 4 de Julho com Tom Cruise, é um bom exemplo desse triste período, em que se procurava a sensibilidade das pessoas.
Agora toda esta carnificina parece fazer parte de um jogo de computador, a que as televisões têm acesso e nos entra em casa, olhando nós para ela de uma forma enjoada, para logo mudarmos de canal fartos de ver a mesma coisa.

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