sexta-feira, 24 de abril de 2009

Nem habilidade para o consenso no nome do Provedor de Justiça, quanto mais...

Desde muito cedo pelos bancos da escola, nos habituámos a ver alguns pais conforme as suas posses, a bajularem e a untarem as mãos a responsáveis da educação, para que seus filhos mesmo que fossem incapazes passassem à frente dos outros, somos por isso (e não só) um povo muito dado ao compadrio, à cunha, aos favores, o que como consequência facilmente leva à corrupção.
Há uns anos atrás quando a Manuela Ferreira Leite como ministra das finanças era a número dois do Governo de Durão Barroso seria lógico que quando este foi eleito para presidente da Comissão Europeia, ela assumisse a responsabilidade governativa e até viesse a ter a oportunidade de repor o IVA nos 17% conforme prometeu que o faria, pois era sua intenção em controlar o défice após um período (anos) a 19% por si imposto ao ficar com a pasta. Valeu-lhe na altura o "baptismo" de Dama de Ferro.
Mas eis que a política de favores e sabe-se lá mais o quê, sobrepôs-se ao interesse nacional e quem vai para primeiro ministro é Santana Lopes, aquele que estava imediatamente atrás de Barroso na cadeia hierárquica do partido. A luta interna partidária à frente do bem estar dos portugueses, só visto!
Entretanto quase cinco anos passaram e logo no início deste período Sócrates brindou-nos com o aumento do IVA para 21%, reduzindo para 20% no ano passado. Foi o que nos custou o interregno de Santana Lopes, pois com a saída para Bruxelas do número um, foi perdida uma oportunidade de pedir contas à tal reposição para os 17%.
E quem temos agora a chefiar o maior partido da oposição? Manuela Ferreira Leite. É como se entrássemos em loop, com os discursos a não variarem e a crise internacional não existisse estando ela aqui bem perto, na nossa vizinha Espanha onde o desemprego ainda é mais assustador. Até mesmo se o cataclismo que atingiu o centro de Itália tivesse desgraçadamente acontecido no nosso país como há cem anos em Benavente, o discurso da oposição não variaria a exigir responsabilidades ao Governo, sem a apresentação de alternativas viáveis. Não deixa de ser nojento quando os partidos representantes do patronato, aqueles que a coberto desta crise se têm aproveitado para mandarem trabalhadores para o desemprego, cuspirem nos seus discursos culpas exclusivas desse flagelo ao partido do Governo. E também é triste e de tamanha irresponsabilidade, representantes dos trabalhadores numa altura destas a ameaçarem com greves na defesa de maiores salários. É mesmo fazer pouco de quem caíu na desgraça da perca do emprego.
Por isso são sempre os mesmos políticos, até mesmo sobre aqueles que recaem suspeitas de corrupção, (a tal enraizada na nossa cultura), que estão à frente das campanhas e as ganham, no fundo aqueles que já conhecemos com provas dadas aos eleitores, embora na maior parte das vezes não deixando de ser com falta de transparência e financiamentos obscuros.
Presentemente a prioridade de um Governo e o que pode estar ao seu alcance, tem que passar pelo ataque à corrupção e à insegurança, o que para isso é essencial e urgente uma justiça mais célere e eficaz, mas sem o aumento das custas judiciais que é para o que este executivo tem vocação, que só acaba por afastar os mais desfavorecidos na procura da resposta às ofensas de que sejam alvo.

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