Quando alguém que não estava ao
serviço da sua profissão ou que não estava enfermo, morre a altas horas da
madrugada numa altura em que o comum dos mortais está a dormir, normalmente o
que contribui para essa perca de vida tem contornos pouco claros. Há uns anos
atrás quando o presidente do F. C. Porto foi confrontado com um trágico
acidente durante a madrugada que envolveu uma viatura de um jogador russo,
dizia que não admitia que esse atleta que devia estar em repouso, andasse ali
aquelas horas, nem que fosse a passear a pé, pelo que foi multado pelo clube, o que não aconteceria se o caso tivesse acontecido nas chamadas horas de expediente.
Perante qualquer tragédia os
jornalistas sempre esmiúçam o que se passou e principalmente tirar a limpo
quais foram as causas que contribuíram para o desastre. Mas quando a desgraça
lhes bate à porta calam-se e vão ao ponto de lançar apelos para que todos
fiquem calados, que foi o que fez uma jornalista da TVI, provavelmente num
momento de pouca lucidez o que é natural perante a abrupta partida de um ente
querido, que contra a lei natural da vida se lhe antecipou.
Não é por mero acaso que nós
temos tendência e no fundo até exigirmos saber o que se passou, pois faz parte
de um instinto primário de defesa para evitarmos que a nós aconteça o mesmo.
Também é o que nos leva perante um acidente a abrandar e olhar para tentar
perceber o que aconteceu para evitarmos cair no mesmo, sendo até instintivo nos
próximos quilómetros seguirmos a velocidade reduzida. Aquela reação espontânea
que temos após um excelente período de férias de nos preocupar logo em contar o
que de mau aconteceu, também faz parte desse tal instinto que no fundo é ajudar outros humanos a não passarem pelo mesmo. E até os próprios animais quando um
da sua espécie morre vão cheirar o que se passou, chegando mesmo os ratos
quando percebem que a causa foi veneno, a urinar para cima do que originou para
mais nenhum ser atingido.
Felizmente contra estes pactos de
silêncio existe a internet, que é um bom antídoto contra os que se querem fazer
superiores aos outros, o que com certeza não foi este o caso.
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