quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Eutanásia sim, não

Uma das maiores, senão a maior praga que alastrou pelo século vinte, sem que o comum dos mortais ainda esteja consciencializado disso, é o acidente de viação. Pior que o ceifar de vidas, pois de uma forma ou de outra ninguém cá fica para semente, são aqueles feridos graves ou melhor dizendo gravíssimos, que acabam por ficar incapacitados de prosseguirem uma vida normal. Pequenos gestos do quotidiano à base de automatismos corporais, dos quais na maior parte das vezes nem sequer nos apercebemos, julgando-nos para sempre dono deles devido a serem como que direitos adquiridos à nascença.
O filme de 1981 "De Quem É A Vida Afinal?" mostra de forma exemplar as dificuldades enfrentadas por alguém que num ápice sem ter culpa nenhuma ficou paraplégico e o seu dia a dia fica transformado num inferno de desespero. À primeira impressão este será um filme que pertence à classe daqueles que não vale a pena agarrar e perder tempo em vê-lo, mas é precisamente o oposto e Richard Dreyfruss dá uma interpretação fabulosa a quem repentinamente ficou inválido a ter que enfrentar para toda a vida uma frustração profissional, sentimental e sexual. Invariavelmente acabamos por nos perguntar o que faríamos nos lugar dele e se é menos penoso para aqueles que intelectualmente são pouco evoluídos e imaginativos, ou pelo contrário se tiverem maior capacidade inventiva, ideias para passar o tempo e um QI elevado seja pior. Provavelmente como tudo na vida, cada caso é um caso.

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