terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Entregues aos bichos

No nosso cantinho à beira mar plantado, a crise económica combate-se criando uma crise política. Nem na Itália com todos os escândalos à volta de Berlusconi, esta diversão acontece e nos meios financeiros, junto com a França e a Alemanha este país parece querer sair do fosso onde o mundo caiu pela desastrosa especulação imobiliária e não só.
Todos os analistas são unânimes ao afirmarem, que na Justiça reside o maior flagelo do nosso país, cuja reforma que este e o anterior Governo pretenderam fazer, só tudo piorou. Nada se respeita. Há uma sensação de impunidade que parece ter em Vale de Azevedo a única excepção como que para servir de exemplo de um bom funcionamento, que é falso. Tanto de falso como ridículo, se pensarmos naquela cena em que houve uma ordem do Tribunal para sair da prisão e mal teve o pé cá fora, houve outra contra ordem para ser engavetado. Não ponho em causa a sua merecida condenação pelas patifarias que praticou, mas então e os outros?
Depois temos os media no meio de tudo isto com uma única intenção de não olhar a meios para atingir o fim de vender reportagens. Oh, como a bagunça da Justiça e o atropelo do seu segredo está às mil maravilhas para eles, os quais o que deveriam fazer era de prestar um bom serviço ao povo, em apontar baterias na perseguição daqueles casos já denunciados e que tendem a cair propositadamente no esquecimento. Ainda há pouco tempo um dos canais mostrou a boa vida de um dos responsáveis do afundamento da Universidade Independente, que vive à custa dos outros a viajar por tudo o que é lado, atrás de torneios de póquer. Tanto propagandearam os media que no nosso cérebro fica o local onde o Sócrates se formou como engenheiro, através de exames que parecem pouco transparentes, mas sobre o processo da condenação desses administradores que tantos alunos prejudicaram nada, é o bloqueio total. Ah, então se nos pomos a recuar no tempo: viagens para médicos a coberto de congressos e oferta de electrodomésticos sem se perceber como; contrapartidas da aquisição dos submarinos que ninguém responde por elas; facturas falsas a envolver Empresas conceituadas no mercado; abate de sobreiros e outros atentados à natureza de toda a espécie para a construção de campos de golfe; escândalos de pedofilia que não têm fim à vista, acabando as imagens do Tribunal se diferenciarem pelo aparecimento de cabelos brancos; banqueiros a defraudarem clientes, só no caso da D. Branca a banqueira do povo é que foi condenada em três tempos, agora Oliveira e Costa e companhia é para entrar nas calendas; autarcas que no auge da sua actividade corrupta fogem do país e ainda se dão ao luxo de concorrerem novamente nos respectivos círculos eleitorais; e no desporto falcatruas a entrarem pela vista a dentro e despromovem-se os mais fracos para nos mandarem com poeira para os olhos.
É nojento! O que não deixa de ser uma razão para os jornalistas não mexerem mais nisto. A simples referência a esta podridão e a impunidade subjacente, causa de imediato a mudança de canal, assim como o virar de uma página. E então ao nos lembrarmos do dinheiro do contribuinte desperdiçado em todas estas investigações, é vómito pela certa.
O caso Face Oculta vai ser outro tal, que agora derivou para a estafada conversa sobre o controlo da comunicação social, como se não fosse o que todos fazem quando estão no poder, só que anteriormente não havia a moda das escutas.
Enfim, a política neste país é água estagnada, podre. Partidos de esquerda a concordarem numa altura destas de contenção orçamental, que se dê mais dinheiro para Alberto João Jardim, o tal que não descansa enquanto não fizer uma lei para os tornar equiparados aos partidos extremistas de direita. O que ele vai gozar com isto tudo quando se mascarar e dançar no Carnaval. Curiosamente, agora surge-nos um Presidente da Republica num tom calmo e apaziguador em comparação com a agressividade mal disfarçada que fez ao PS aquando das últimas eleições. Não é que daqui a uns meses, é capaz de vir desse lado uma boa fatia de votos? E depois o PSD também não há maneira de arranjar um candidato como deve ser. Deve ser em 2011 e então o Cavaco já pode fazer o que fez Sampaio a Santana e outro galo cantará.

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