segunda-feira, 8 de junho de 2009

Um tiro no outro pé

Como sempre, em quase tudo de mau que há na Europa nós estamos em primeiro. Realmente é muito melhor estar de papo para o ar a apanhar sol, do que fazer como foi o caso da maioria dos espanhóis que também têm tanto areal, ou seja, deram-se ao trabalho de cumprir com o dever de cidadão e votar. Que maçada!
Muitos destes nossos honrados veraneantes, serão socialistas convictos que com esta atitude ainda penalizaram mais o PS, que só por si devido ao ónus da governação ia perder votos, o que sempre aconteceu com todos os partidos que na altura estavam no poder. Também para contribuir para o descalabro, o Secretário Geral resolveu atirar mais um tiro n'outro pé como já tinha feito com a escolha de Mário Soares para candidato à Presidência da Republica. Muitas análises se fizeram na altura, sobre essa escolha que levou ao caminho aberto para a eleição de Cavaco Silva. Dizia-se que no fundo o que Sócrates pretendia, era passar a tratar institucionalmente com o actual PR e ao mesmo tempo fazer com que Mário Soares metesse de uma vez por todas a viola no saco e não se tornasse uma voz incomoda. Agora com a escolha do independente Vital Moreira, é que não se percebe mesmo a razão da escolha, porque só com uma mente tacanha é que alguém pode pensar, que quem foi apelidado de traidor do PCP viria a conquistar simpatias à esquerda. Como dizia de forma brejeira o Ricardo Araújo Pereira na SIC, qualquer discurso do Vital Moreira não servia o PS, mas sim os partidos mais à esquerda, como no exemplo do caso em que apelidou o BPN de roubalheira, o que só serviu aos olhos do eleitorado para meter no mesmo saco todas as falcatruas dos partidos que têm sido governo e daí a fuga de votos para a esquerda, onde o BE agradece mas não o conseguindo fazer em directo na televisão estatal, porque lamentavelmente a RTP silenciou o discurso de Francisco Louçã que orou no fim como é de a praxe os partidos vencedores fazerem.
Quanto ao PSD, tem que perceber que esta foi principalmente uma vitória de Paulo Rangel vs Vital Moreira, pelo que escusa de embandeirar em arco porque o partido ainda não reúne consensos em volta da sua líder, como se viu pela reacção azeda de Santana Lopes, parecendo que a vitória do PSD era a sua derrota.
O PCP deixou de ser a terceira força política a favor do BE, o que é algo de preocupante pois a prática deste último é feita perigosamente mais com o coração do que com a cabeça, o que acaba por desencadear decisões lamentáveis, tais como se excluir da comissão de honra de cumprimentos ao presidente de Angola, que apenas é o nosso segundo exportador, além do mercado de trabalho aberto aos portugueses.
O partido do grande capital, CDS, acabou por colher os frutos de toda a campanha paga aos media, para a recuperação da imagem de Paulo Portas, aquele que no fim da governação abandonou o partido tal qual rato a fugir de um navio a afundar-se, ficando Ribeiro e Castro com a criança nos braços e acabando depois de sofrer um golpe palaciano de Portas, aqui já apoiado na cobertura de um congresso e grandes entrevistas, como se fizesse parte de um partido com grande expressão eleitoral. Eis a força do dinheiro.
O futuro está desenhado:
O PS deve ganhar em Setembro sem a maioria absoluta, tendo que fazer coligação com outra força política e pela sua história não costuma ser à esquerda e deve ser com o centro direita. Depois como é usual não se entenderem, que até para um simples consenso de um nome para Provedor de Justiça não conseguiram esse entendimento, vai ficando a figura de José Sócrates desgastada e o PSD deverá se tornar forte em redor de Paulo Rangel. A esta altura fica Cavaco Silva com a legitimidade para antecipar eleições, tal como fez Jorge Sampaio quando esperou que o PS ficasse forte de modo a correr com Santana Lopes. Do resultado destas eleições sairá vencedora outra vez uma nova AD (PSD/CDS), para o que no fundo este povo dos três efes (Fado, Futebol e Fátima) está destinado e só não volta ao fascismo porque está encostado à velha Europa.

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