Quando eu em julho de 2008 aqui escrevi sobre o desenfreado aumento do desemprego, estava
longe de imaginar até tão baixo podia descer a qualidade de vida do povo
trabalhador que até quatro feriados lhe tiraram e pior ainda, a do
ex-trabalhador que foi empurrado para o desemprego.
Quando se fala da falência da segurança social, para qualquer comum dos
mortais é fácil perceber que têm sido as gerações mais novas, que com parte dos
descontos sobre a receita dos seus proveitos, vão amparando os mais velhos e
por sua vez quando chegarem à velhice, os jovens seguintes descontaram para
eles. É lógico, algures no tempo, quando o sistema começou nunca podia ser o
contrário, o que deita por terra essa teoria de que andámos a descontar para
nós próprios (quem nos socorreria se ficássemos incapacitados para prosseguir
os normais descontos), senão a primeiríssima geração de velhos tinha sido
deixada a morrer à fome, apesar de ser verdade que a vida desses antepassados
foi sempre de grande miséria. Ainda a contribuir mais para a mingua destes
recursos, o sistema é constantemente alvo de burlas que atingem milhões de
euros e os seus autores quando são apanhados, nunca levam castigos exemplares.
A classe trabalhadora por todo o mundo está a ser lançada no desemprego,
nuns sítios de forma mais lenta do que em outros, mas é como uma epidemia a
manifestar-se por escaramuças que vão gradualmente aumentando e assim a não ser
encontrada uma solução para este estado de coisas, não demorará muito a haver
um protesto para um desentendimento generalizado, que começará pelo abandono
dos países da união europeia, a qual de união não terá nada. Foi o que deu a
globalização com a entrada de produtos mais baratos vindos de países que não
respeitam ao mínimo os direitos dos homens ou crianças, conseguindo por via
disso uma mão de obra mais barata, algo plenamente demonstrado por um
documentário francês sobre a comparação dos métodos de trabalho de duas
fábricas de peúgas, uma em França e outra na China.
No século passado havia
uma guerra denominada de fria, em que as várias forças estavam controladas e
sabia-se por onde podia desencadear um conflito, tendo as duas grandes
potências o chamado telefone vermelho para casos de alerta serem esclarecidos
entre si de forma rápida. E agora neste descontrolo de forças, quantos telefones vermelhos
iram ser precisos?
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